segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Resenha - Dom Casmurro

Autor: Machado de Assis

Sabe aquelas conversas que a gente escuta, por acaso, seja no ponto de ônibus ou sentados no banco do metrô que nos envolve de uma maneira tão grande que, mesmo sem querer a gente começa a dar uma atenção maior, inclina os ouvidos para ouvir com mais clareza os detalhes e chega até sentir vontade de entrar na conversa e participar do dialogo, mas, as pessoas simplesmente descem do ônibus e a gente fica sem saber direito o que aconteceu ao certo na história. E o que nos resta?  Começar a imaginar situações que se encaixem nos trechos ouvidos da conversa alheia. 
Se isso nunca aconteceu com vocês, meus parabéns porque comigo acontece muito. Não que eu seja curiosa, mas é que sempre gostei de ouvir história..rs!  E hoje, a resenha é de um clássico da literatura brasileira que se encaixa perfeitamente nessa alegoria citada acima.
O cenário é o Rio de Janeiro no século XIX. Época das mansões e palacetes na qual a aristocracia participava de bailes, atividades culturais e levava uma vida pautada no estilo europeu. E é nesse ambiente que Bento Santiago começa a relatar a história de sua vida. Mas, evidentemente o interesse dele não é somente nos apresentar sua biografia, na verdade o foco de tudo é nos relatar sobre seu relacionamento com certa moça chamada Capitu.
Logo no começo de sua narrativa Bento ou Bentinho nos revela a origem de seu apelido “Dom Casmurro” e que serviu de inspiração para o titulo de seu livro. Foi dentro de um trem, um rapaz começou a recitar versos ao lado de Bento, este, porém, cansado, cerrou os olhos por instantes. Bastou para que o rapaz se zangasse e lhe colocasse o apelido  de Casmurro. No entanto, segundo o narrador, não devemos levar o apelido no sentido descrito no dicionario, porém, como sendo ele um senhor introspectivo. Logo após a explicação, Bento começa a narrativa falando sobre sua infância passando para juventude, o curso de direito, o casamento com Capitu, o nascimento de seu filho, a relação conturbada com seu amigo Escobar e, em fim a duvida da fidelidade de sua esposa.
Haja vista que Dom Casmurro nos relata que aos poucos, começa a perceber certas semelhas entre seu filho e o amigo Escobar além de descreve Capitu como uma mulher sedutora, inteligente, astuta e envolvente desde sua mocidade. “Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada”. Ao passo que ele, sempre foi muito ingênuo e inocente. Será?
O fato é: houve traição ou não? Quem é que sabe não é mesmo!
Afinal de contas o livro é narrado por Bentinho que nos descreve somente a sua versão da história, e ele acredita piamente na traição de sua esposa o qual era apaixonado desde a infância. Mas não devemos esquecer que ele é Advogado e, portanto, pode nos envolver com discursos tendenciosos omitindo ou acrescentando algumas informações caso quisesse.
Quando a gente lê Dom Casmurro devemos lembrar que não conhecemos todos os lados da história muito menos os personagens verdadeiramente, afinal quem é que nos descreve a história mesmo? Exato, Bento Santiago, um senhor amargurado e carrancudo. Será essa a verdadeira razão do titulo de seu livro? Para essas perguntas e indagações não teremos a resposta correta, pois, como no exemplo citado, os passageiros desceram do ônibus e a gente ficou somente com meias verdades. 
Dom Casmurro faz parte da fase realista de Machado de Assis e é um clássico que vale muito a pena ler; lembrando também que é uma leitura cobrada no vestibular.
Beijos e até a próxima 

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