Você estudou durante quatro anos, se
formou honrosamente, pegou o diploma e logo seguiu para o mercado de trabalho cheio
de sonhos, expectativas e convicções ideológicas sobre a educação; afinal, nesses
longos anos, estudou rigorosamente, leu diversos artigos e textos exaustivos,
aprendeu sobre pensadores que deram contribuições inigualáveis para o processo aprendizagem dos alunos e para sua formação também, é claro. Os estágios
supervisionados te proporcionou a prática de que tanto ouviu falar durante o
curso. Nomes como Emília Ferreiro, Jussara Hoffmann, Paulo Freire, Vygotsky,
Piaget e tantos outros permeavam as aulas e norteava seu aprendizado rumo ao
sucesso. Então, você saiu da faculdade convicta que está preparadíssima para
exercer essa incrível profissão de docente.
É, aconteceu comigo também.
Me formei, peguei o diploma e adentrei
rumo ao sonho de ser professora. Queria por em prática logo todas as teorias
pedagógicas que apreendi e, não que eu queira me gabar, mas era uma excelente aluna e levava muito a sério meus estudos, afinal de contas, muito
em breve seria responsável pela formação de outras pessoas.
Sempre quis ser professora; desde
pequena ensinava para minhas irmãs tudo que aprendia na escola, inclusive, uma
delas, quando chegou o tempo de ir para o pré, já sabia ler, escrever,
somar, multiplicar e subtrair. O que eu quero dizer com isso é que pulsava
dentro de mim um desejo muito grande de ser professora, ter minha sala de aula
repleta de alunos, corrigir provas, cadernos, preparar atividades entre outras
coisas. Fiz o curso exatamente porque já me via como docente, não porque era o
mais barato ou por precisar de um diploma qualquer como, infelizmente, vemos hoje
em dia acontecer. Bem, deixemos essa discussão para outro dia.
Quando cheguei à sala de aula pela
primeira vez, socorro!
“Você preencheu o diário errado, refaça”; “Corra, saia da sala com seus alunos, pois vai chover e sua sala alaga”; “Deixe de ser tola, essa suas ideias não levam a nada, faça do modo tradicional que está de bom tamanho”; “Infelizmente a escola não tem verba para isso”, “você viu como essa novata gosta de inventar, odeio professores novos cheios de ideias furadas”.
Pois é gente, frequentei uma excelente
faculdade, fui uma boa aluna, li e reli todas as teorias que me foram passadas, compreendo as contribuições que grandes pensadores da educação nos deixaram,
mas a realidade da escola, você só aprende quando já está inserido no sistema. E é sobre isso que o livro de hoje vai falar.
Leandro Karnal é professor de história
há 30 anos e, a partir desse singelo livro, resolveu ter uma conversinha bem franca, com
os jovens professores; sim, você mesmo que acabou de se formar ou está prestes
ao egresso e, até com vocês que estão pensando em se tornar professores. Aqui ele
reúne verdades do ambiente escolar, verdades essas que se apresentam de forma positivas e negativas quanto a docência, mas, que podem auxiliar na escolha da profissão bem
como nortear algumas dúvidas que não aprendemos na faculdade.
Resolvi listar 5 motivos para você ler
esse livro , se é que ainda seja preciso depois do que já relatei até agora.
Mas, vamos lá:
1º Motivo: A escrita do autor é ótima. Muitos se
assustam quando escutam alguma entrevista dada por Karnal, afinal, ele é um
erudito que domina muito bem a arte da dialética. Não se preocupe, o livro é
uma delicia de ler e de fácil compreensão.
2º Motivo: Não é um livro
didático cheio de termos pedagógicos difíceis de entender, pelo contrário,
aqui, Karnal revela muitas das teorias vistas na faculdade de maneira prática,
ou seja, dá sentido real a elas a partir de suas experiências.
3º Motivo: Leandro Karnal relata
os erros que cometeu nos primeiros anos como professor e a maneira com que tratou
determinados assuntos e situações delicadas no contexto escolar. Em seguida, relata como agora, depois
de 30 anos, teria se comportado frente a essas situações.
4º Motivo: O livro traz
fatos reais do cotidiano escolar. E quando eu digo real, são reais mesmo, sem magia ou encantamento, a
verdade mesmo. É surpreendente!
5º Motivo: Todos os capítulos terminam com uma
contextualização por meio de citações de filmes. Se você já é professor, com certeza assistiu, se não todos, a grande maioria
desses filmes.
Depois da leitura do livro, você está
preparado para responder, a sim próprio, se a profissão de docente é realmente a
que deseja, pois aqui, não existem fantasias pedagógicas, são verdades que
podem até te assustar, mas que devem ser ditas. Então, quando estiver lendo, reflita, pense bem se ser docente é sua vocação. Não seja um profissional
mediano. E para concluir, me inspirando em Leandro Karnal, deixo para vocês a
dica de um filme bem legal que assisti ainda nessa semana, se chama Além da Sala de Aula. O filme retrata algumas
das muitas dificuldades descritas por Karnal em seu livro e a real vantagem de ser professor.
Espero que tenham gostado das minhas reflexões.
Beijos e até a próxima.
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