terça-feira, 27 de setembro de 2016

Turbo

Neste último final de semana tirei um tempinho para assistir ao filme Turbo, uma animação da Dream Works que conta a história de Theo, um caracol de jardim aspirante a piloto de fórmula 1 que sonha em ser veloz o suficiente para poder participar de grandes corridas. Mas, o pequenino caracol se vê longe de realizar seu sonho, pois sua realidade naquele momento é bem diferente; Ele trabalhava em uma plantação de tomates na qual tinha que cumprir metas pesadas na colheita das frutas, e  além disso, era motivo de chacota dos colegas, por acreditar que um dia correria nas 500 milhas de Indianópolis, nem mesmo seu irmão acredita em seu potencial. Afinal, onde já se viu um caracol querer ser veloz o suficiente para correr em grandes torneios? Porém, um dia, graças às peripécias do destino, Theo é lançado para dentro do motor de um carro de corrida e, a partir dessa incrível experiência, ele se transforma em uma máquina muito veloz.
A partir daí, Theo viu sua lenta vida de sindicalizado se transformar em uma surpreendente aventura que o levaria ao tão sonhado sucesso. Em sua caminhada encontra Tito, um humano sonhador, americano, de origem latina, marginalizado e que tenta ganhar a vida, em uma pequena lanchonete vendendo comida mexicana, porém, assim como Theo, ele sonha com uma oportunidade para uma vida com maior mobilidade social, afinal sua lanchonete não ia muito bem, não havia muitos clientes e as condições de seu local de trabalho também não eram favoráveis. Assim, quando Tito e Theo se encontram tornam-se grandes aliados e amigos rumo ao sucesso.
E Viva o sonho americano!
Ao assistir a trama, confesso que achei a ideia de colocar um caracol com superpoderes para competir com verdadeiras máquinas de corrida, meio boba. É surreal imaginar essa possibilidade, o pequeno caracol morreria esmagado na corrida pelas grandes rodas dos carros. Mas, o que mais me chamou a atenção foi o tema central da história, ou seja, “Você pode ser o que quiser. Não desista dos seus sonhos, um dia você chega lá”. Sim minha gente, Turbo reproduz a imagem daqueles que acreditam que nada é capaz de detê-los, afinal, todos podem ser um sucesso. Você é um sucesso, eu sou um sucesso.
Mas, refletindo um pouco sobre o assunto, eu acho que, apesar de a mensagem do filme em certo ponto, ser legal, ele deveria ter terminado de outra madeira. É obvio que Theo, participa de uma grande corrida e vence no final, mesmo que isso seja a coisa mais surreal do universo! Eu não sou contra as pessoas sonharem mais alto e aspirarem por uma vida com condições melhores, quem não quer? Eu mesmo adoraria ganhar na Mega Sena e me tornar rica ....kkkk. O que eu quero dizer é que a ideia que muitas pessoas estão vendendo por ai, dizendo que todos podem se tornar um sucesso, é meio distorcida, por exemplo, muitos palestrantes vendem uma imagem de sucesso de forma pejorativa. Quantos de vocês já ouviram palestras motivacionais que diz auxiliar, supostamente, na escolha de uma carreira de sucesso? Eles pregam algo como: Seja o próximo Steve Jobs; Aprenda cinco passos para o sucesso; Como ser bem sucedido; Da periferia ao estrelato....e tantas outras que me dão sono só de pensar.
Mas, a pergunta é: você realmente pode ser o que quiser?
Se você é péssimo em matemática, não vai fazer um curso que exija o máximo de você nessa disciplina, não é mesmo? Se você sabe que não é produtiva no período da manhã, vai tentar encontrar algo para fazer que esteja dentro do seu horário produtivo, certo? O fato é que podemos sim ser um sucesso a partir das nossas competências, nos autoconhecendo e compreendendo as nossas potencialidades e limites.  Não estou dizendo que devemos deixar de superar nossas dificuldades, pelo contrário, o que eu quero dizer é que quando nos conhecemos, e entendemos no que realmente somos bons, temos mais opções para trilhar um caminho de sucesso. Afinal de contas sucesso é ter êxito em alguma coisa e não essas charlatanices que estamos acostumados a ouvir por ai. Assim, podemos ser um sucesso como professora na educação infantil, como gari, feirante, médica, motorista, cozinheiro entre outros. Você pode ser o que quiser respeitando, é claro, sua capacidade e aprimorando suas habilidades.
O filme é divertido e um bom entretenimento, porém, como já disse, acho a mensagem muito pejorativa, mas, cada um tem a sua opinião não é mesmo? Essa é minha.
Beijos e até a próxima.

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